Se a vida de todos nós brasileiros trabalhadores e trabalhadoras já estava difícil, vai ficar ainda pior com o Congresso nas mãos do centrão, alinhado ao presidente da República Jair Bolsonaro. Na verdade, não víamos possibilidade de melhora caso qualquer outro dos candidatos ao Senado e à Câmara tivessem vencido a eleição nas duas casas. A certeza é que estes próximos dois anos serão péssimos para a população. Será ruim para todos nós, inclusive para Jair Bolsonaro.
Ao se alinhar ao centrão, Bolsonaro começou a perder popularidade entre os seus eleitores radicais. A tendência é a coisa piorar para o presidente. O centrão não é nada confiável. Basta se lembrar do que aconteceu com a ex-presidente Dilma Rousseff. O centrão era alinhado a ela, mas bastou a Dilma deixar de dar o que os políticos do centrão queriam para articularem – e aprovarem – o impeachment dela.
Com Bolsonaro não será muito diferente. Eles vão tomar tudo de Bolsonaro, começando por ministérios. Vão recriar ministérios, dominar orçamentos, chantagear Bolsonaro para mantê-lo no poder até 2022. A manutenção da Lava-Jato, que era uma das principais bandeiras de campanha do Bolsonaro, acabou. Foi mais uma ação do governo para agradar o centrão. Isso vai causar ao presidente um desgaste enorme com a população, com os empresários e com seus eleitores radicais. Bolsonaro, se chegar, chegará muito, muito desgastado à campanha para sua reeleição em 2022.
Será a um preço muito alto. De centenas de milhares de vidas perdidas para o coronavírus – já são mais de 227 mil – e de empobrecimento da população numa velocidade assustadora. Essa é a vida real que vai levar ao desgaste do presidente, a pedra no sapato de Bolsonaro. Mas para isso ocorrer, nós, o povo, ainda vamos enfrentar um longo e tenebroso período de mortes pela pandemia de coronavírus, de desemprego, de aumento da pobreza e da fome, de precarização do trabalho, de destruição do meio ambiente e de perda de políticas públicas conquistadas ao longo de décadas e de dignidade.
O centrão dominando o Congresso é um mal que só vai trazer males. Por mais que lá na frente ajude na mudança de destino do Brasil, que contribua para que Bolsonaro saia da Presidência da República, já vai ter causado um mal irreparável ao povo brasileiro. Exatamente como Bolsonaro!
Edson Dias Bicalho é presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Químicas, Farmacêuticas e da Fabricação de Álcool, Etanol, Bioetanol e Biocombustível de Bauru e Região (Sindquimbru) e secretário-geral da Federação dos Trabalhadores nas Indústrias Químicas e Farmacêuticas do Estado de São Paulo (Fequimfar).